sábado, 14 de abril de 2012

Texto Argumentativo (Exercícios)


(FUVEST-SP) Leia o texto a seguir e responda às questões 1, 2 e 3:
 GOLS DE COCURUTO

O melhor momento do futebol para um tático é o minuto de silêncio. É quando os times ficam perfilados, cada jogador com as mãos nas costas e mais ou menos no lugar que lhes foi designado no esquema - e parados. Então o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro negro e pensar no futebol como alguma coisa lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo mortal de qualquer estrategista. O futebol brasileiro já teve grandes estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do jogo. O Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o jogo numa mesa de botão. Da entrada em campo até a troca de camisetas, incluindo o minuto de silêncio. Foi um técnico de sucesso mas nunca conseguiu uma reputação no campo à altura de sua reputação no vestiário. Falava um jogo e o time jogava outro. O problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram mais inteligentes do que seus jogadores (L. F. Veríssimo, O Estado de São Paulo, 23/08/93).


Texto Argumentativo & Estratégias Argumentativas (Exercícios)


01. (UFG-GO)  Leia o texto de Paul Horowitz, físico da Universidade de Harvard.

Existe vida inteligente fora da terra? “No Universo? Garantido. Na nossa galáxia? Extremamente provável. Por que não encontramos aliens ainda? Talvez nossos equipamentos não tenham sensibilidade suficiente. Ou não sintonizamos o sinal de rádio correto”.
SUPERINTERESSANTE. São Paulo:
Editora Abril, n. 224, mar. 2006, p. 42.

Tendo em vista os argumentos utilizados por Paul Horowitz, pode-se inferir que ele:

(A) garante a existência de aliens apoiando-se em comprovações científicas.
(B) prova que nosso encontro com extraterrestre é apenas uma questão de tempo.
(C) revela suas idéias em uma escala que varia em diferentes graus de certeza. 
(D) sustenta seu ponto de vista com base em resultados verificados por equipamentos adequados.
E) reconhece a existência de vida alienígena em nossa galáxia.


Modificadores & Tipos Textuais (Exercícios)


Texto I:
Rita havia parado em meio do pátio. Cercavam-na, homens, mulheres e crianças; todos queriam novas dela. Não vinha em trajo de domingo; trazia casaquinho branco; uma saia que lhe deixava ver o pé sem meia num chinelo de polimento com enfeites de marroquim de diversas cores. No seu farto cabelo crespo e reluzente, puxado sobre a nuca havia um molho de manjericão e um pedaço de baunilha espetado por um gancho. E toda ela respira o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo a mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam sua fisionomia com realce fascinador.
AZEVEDO, ALUÍSIO. O Cortiço. Ed. São Paulo. 1975

1-    Na situação relatada no texto, Rita Baiana estava parada em meio ao pátio.
a)    Como ela estava vestida?
b)    Como era seu cabelo? Qual é a classe gramatical das palavras usadas para caracterizar o cabelo da personagem?
c)    O que os dentes claros e brilhantes da personagem realçavam?

2-    Um texto descritivo pode apresentar comparações e fazer referência a impressões sensitivas, como cores, formas, cheiros, impressões táteis, sons, etc.
a)    A que o narrador compara o asseio de Rita?
b)    Que odor ela exalava?

3-    Rita é descrita pelo narrador como irrequieta.
a)    Essa característica diz respeito a um aspecto específico ou psicológico da personagem?
b)    Como Rita Baiana demonstra essa característica do seu temperamento?

4-    Nos trechos “seu farto cabelo crespo e reluzente”, “trajo de domingo”, “pé sem meia”, “molho de manjericão”, qual é a classe gramatical das palavras e expressões destacadas?


Texto II:
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos — e daquelas ferozes (...).
(Monteiro Lobato)


5-    O narrador emprega duas vezes um mesmo adjetivo para caracterizar dona Inácia. Identifique-o e explique a diferença de sentido que ele apresenta nas duas ocorrências.


6-    É válido afirmar que o narrador foi contraditório ao empregar o referido adjetivo para descrever a personagem? Justifique.


Texto III:
Estar em todas, ser ninguém.
Há um momento em que você se destaca do mundo dos anônimos. É quando tem o nome nas legendas. Muitos têm nome, no entanto ficam numa posição incômoda, perigosa. É quando o leitor pergunta: esse quem é? O que é? O que faz?
Se não existe resposta, depois de algum tempo você entra para a catalogação perigosa de quem está em todas e não é nada. Torna-se uma daquelas pessoas simpáticas, sorridentes, animadas, divertidas, bem vestidas, que descolam convites para todos os acontecimentos, freqüentam, mas não têm ofício, profissão, carreira, função específica. Freqüentam, são colunáveis.
Outro dia, ouvi uma definição que me enregelou:
“Toda corte tem seus bobos, os reis tinham, os poderosos hoje têm”. Palhaços modernos fazem gracinhas, alegram o ambiente, distraem, sabem servir a uma mulher, acender um cigarro, dançam todos os ritmos, do bolero ao Techno, estão informados de tudo, navegam na internet, assinam revistas econômicas, discorrem sobre as tendências atuais, conhecem palavras recém-criadas.
Uma pessoa realmente famosa tem de tomar cuidado para não se misturar. Deve aceitar os bobos da corte, mas se puder evitar a convivência, melhor. Eles dirão que são seus amigos.
Todavia, os que participam do jogo possuem um acordo; a fraude é aceita e compreendida e como tal elogiam a audácia, admiram a artimanha.
Os que participam dessas manobras sabem separar o que é real do que é sucesso/paranóia da mídia, síndrome de aparecer.
Nessa vida é que pretendo penetrar, nesse covil, como li um dia. É uma batalha que não permite acomodação, conformismo, conforto, a menos que você seja autodestruidor e se condene ao fracasso.
Deve-se acordar planejando o dia, dormir programando o “Day after”, porque o tempo inteiro é um “Day after, and after, after”.
O que mata, o suicídio lento, o envenenar gradual é a vida que levo agora. Quando não sou nada sendo. Passo o dia a imaginar, a montar estratégias que me permitam ser o que pretendo.
Sofro o que poucos seres humanos sofreram, recolhido a este camarim 101, indigno, ainda que bastante espaçoso, quase uma suíte, rodeado de livros e cadernos que abrigam o organograma perfeito para o vir a ser.
Como adoraria ver a imprensa falando mal de mim. As discussões, o tema das mesas.
(Ignácio de Loyola Brandão, O anônimo célebre – reality romance).

7-    Em relação ao personagem, identifique a alternativa que não é adequada.
a)    Tem horror à crítica.
b)    Teme não ser reconhecido em fotos.
c)    Quer o sucesso a qualquer preço.
d)    Não é uma pessoa escrupulosa.
e)    Conhece as estratégias da fama.


8-    Identifique a estratégia que não foi usada na organização do texto.
a)    Sequência argumentativa para defender pontos de vista.
b)    Sequência instrucional para ensinar estratégias da fama.
c)    Sequência narrativa em ordem cronológica e uso de diálogos.
d)    Sequência descritiva para descrever os candidatos à fama.

Texto IV:
A HONRA PASSADA A LIMPO
Sou compulsiva, eu sei. Limpeza e arrumação. Todos os
dias boto a mesa, tiro a mesa. Café, almoço, jantar. E pilhas
de louça na pia, e espumas redentoras.
Todos os dias entro nos quartos, desfaço camas,
desarrumo berços, lençóis ao alto como velas. Para tudo
arrumar depois, alisando colchas de croché.
Sou caprichosa, eu sei. Desce o pó sobre os móveis. Que
eu colho na flanela. Escurecem-se os pratos. Que eu esfrego
com a camurça. A aranha tece. Que eu enxoto. A traça rói.
Que eu esmago.
O cupim voa. Que eu afogo na água da tigela sob a luz.
E de vassoura em punho gasto tapetes persas.
Sou perseverante, eu sei. À mesa que ponho ninguém
senta. Nas camas que arrumo ninguém dorme. Não há ninguém
nesta casa, vazia há tanto tempo.
Mas, sem tarefas domésticas, como preencher de feminina
honradez a minha vida?
(Contos de amor rasgados – Marina Colasanti)

Texto V:
Tentando se segurar numa alça lilás
Entrou no elevador.
A um canto, outra mulher segurava firme debaixo do braço uma enorme bolsa de couro lilás.
"Que ousadia, uma bolsa lilás - sorriu ela.
"Acabei de dizer a um homem que o amo - respondeu a outra. "Então entrei numa loja e, entre todas, escolhi essa bolsa. Eu precisava sentir nas mãos a minha audácia.
Não sorriu. Agarrou-se na alça.
(Marina Colasanti)


9-    Nos dois contos, há um narrador, ou seja, alguém que conta a história. Em qual dos contos o narrador é observador, isto é, conta os fatos sem participar deles como personagem?


10-  O emprego de um tipo de narrador ou ponto de vista narrativo produz nos textos diferentes efeitos de sentidos. Comparando os dois textos, diga qual deles possibilita ao leitor situar-se dentro da narrativa. Por que isso acontece?


Tutor Fabiano (PEN)


Tipos Textuais (Exercícios)


A ARMA
Luís Fernando Veríssimo

Nessa discussão sobre baixarias na TV e a má qualidade generalizada do que vai ao ar, ninguém se lembra que toda casa brasileira — pelo menos toda casa brasileira com TV — tem uma arma eficaz de autodefesa. É uma arma poderosa. Com ela se cala a boca do político embromador e do apresentador gritão, se elimina o programa que choca ou desagrada e o troca por outro, se chega até, em casos extremos, a cortar a força do aparelho ofensivo e silenciá-lo, para sempre ou por algum tempo, para aprender. E tudo isto sem sair da poltrona.
O nome da arma é Controle Remoto. É movida a pilhas e cabe na palma da mão. Não é uma invenção muito antiga. (Sim, crianças, houve um tempo em que para ligar e desligar a TV ou mudar de canal você precisava sair do sofá e ir até lá. Inconcebível, eu sei.).
Mas minha neta começou a usar o controle remoto antes de começar a andar, e pelo menos duas gerações se criaram usando-o sem se dar conta da mágica que tinham nas mãos. O poder de mover as coisas à distância e comandar o mundo sem precisar sair do lugar é uma ambição humana desde as primeiras bruxas, mas as gerações que se criaram com ele usam o CR com a inconsciência de um cachorro brincando com uma bola de césio.
Se não se dão conta do seu poder mágico, muito menos se dão conta de que o CR é uma arma. Porque o CR também representa essa outra coisa potente que temos para nos defender das agressões da TV: o livre arbítrio. A capacidade de decidir por nós mesmos. De procurar uma alternativa, outro canal, ou o silêncio. Em vez de dizer "isto deveria ser proibido" e incentivar, indiretamente, a censura, e negar o direito dos outros de gostarem de porcaria, deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.

O Globo, 02.02.2012

1. Classifique os trechos extraídos da crônica de Luís Fernando Veríssimo, de acordo com a categorização dos tipos textuais.

a)    “É movida a pilhas a pilhas e cabe na palma da mão. Não é uma invenção muito antiga.”
b)    “...minha neta começou a usar o controle remoto antes de começar a andar.”
c)    “Porque o CR também representa essa outra coisa potente que temos para nos defender das agressões da TV: o livre arbítrio.”
d)    “Em vez de dizer ‘isto deveria ser proibido’ e incentivar, indiretamente, a censura, e negar o direito dos outros de gostarem de porcaria, deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.”
e)    “...deveríamos exercer, soberanamente, a liberdade de escolha do nosso dedão.”

2. Pode-se dizer que, ainda que o texto contenha trechos de diversos tipos textuais, predomina nele um determinado de organização textual. Qual seria ele? Por quê?

3. No primeiro parágrafo, predominam modificadores de uma certa classe gramatical (“político embromador”, “apresentador gritão”, “aparelho ofensivo).
a) Qual seria ela? Justifique.
b) Além de pertencerem à mesma classe gramatical, estes modificadores servem a um mesmo propósito para a defesa da ideia do autor. Qual seria este propósito?

4. Explique por que o controle remoto é comparado a “uma arma poderosa”, retirando do texto passagens que ratifiquem esta comparação.


 Tutor Luiz Felipe (SFI e 0800)